top of page
Buscar

Qual é o perfil ideal de um conselheiro consultivo de pequenas e médias empresas?


O conceito de governança corporativa tem se tornado cada vez mais presente no universo das pequenas e médias empresas, impulsionado pela necessidade de crescimento sustentável, profissionalização da gestão e mitigação de riscos. Nesse contexto, o conselheiro consultivo surge como uma peça-chave para agregar valor, orientar os gestores e preparar uma empresa para o futuro.


Mas afinal, qual é o perfil ideal para um conselheiro consultivo que deseja atuar em pequenas e médias empresas? Embora não exista uma resposta única, algumas características são essenciais para desempenhar esse papel com eficácia e gerar impacto positivo para o negócio.


Experiência prática e visão estratégica


Um conselheiro consultivo de pequenas e médias empresas (PMEs) precisa ter um histórico sólido de atuação no mercado, trazendo experiências práticas que podem servir como referência para os gestores desses negócios. Diferentemente do papel em grandes corporações, onde a supervisão e a conformidade são prioridades, nas PMEs o conselheiro deve ter uma abordagem mais direta, ajudando no desenvolvimento de estratégias realistas e viáveis. O conhecimento do setor ou de segmentos correlatos também é essencial para identificar oportunidades, antecipar desafios e orientar a empresa em momentos críticos, como expansão, sucessão ou transformação digital.


Mais do que apenas analisar relatórios, o conselheiro deve conectar as tendências do mercado à realidade do negócio, garantindo que a empresa cresça de forma estruturada. Seu papel é questionar, provocar reflexões estratégicas e ajudar os gestores a tomarem decisões mais embasadas, sempre com um olhar para o longo prazo.


Capacidade de mentoria e desenvolvimento de gestores


Muitas PMEs ainda são geridas por seus fundadores ou por estruturas familiares, o que torna a profissionalização da gestão um desafio. Nesse cenário, o conselheiro consultivo precisa atuar como mentor, ajudando os gestores a aprimorar suas habilidades de liderança e tomada de decisão. Seu papel vai além de caminhos específicos; ele deve estimular reflexões estratégicas, desafiando a visão dos empreendedores e auxiliando na construção de um modelo de governança eficiente.


Além disso, um conselheiro eficaz identifica lacunas de competências dentro da empresa e sugere formas de preenchê-las, seja por meio de treinamentos ou contratações estratégicas. Ao construir uma relação de confiança com os gestores, ele não apenas orienta, mas também impulsiona o desenvolvimento de uma cultura organizacional mais sólida e preparada para enfrentar desafios de crescimento e inovação.


Perfil analítico e orientado a riscos


Empresas de pequeno e médio porte nem sempre possuem um mapeamento estruturado de riscos, o que pode comprometer sua sustentabilidade a longo prazo. Aqui, o conselheiro consultivo precisa ter um olhar atento para identificar ameaças financeiras, operacionais e regulatórias, ajudando a empresa a criar uma cultura de gestão de riscos sem sufocar seu espírito empreendedor. Isso inclui orientação sobre fluxo de caixa, alavancagem e rentabilidade, garantindo que o crescimento ocorra de forma sustentável.


Além disso, o conselheiro deve atuar preventivamente, antecipando possíveis crises e propondo estratégias para mitigá-las. Sua experiência permite enxergar riscos que muitas vezes passam despercebidos pelos gestores, auxiliando na tomada de decisão mais assertiva.


Neutralidade e independência na tomada de decisão


A independência e a neutralidade são características essenciais para um conselheiro consultivo atuar de forma eficaz em pequenas e médias empresas. Diferentemente de um executivo interno, o conselheiro não está envolvido na operação do dia a dia, o que lhe permite ter uma visão externa e imparcial do negócio. Esse distanciamento é fundamental para garantir que as decisões estratégicas sejam embasadas em dados e na melhor governança, sem influência de interesses pessoais ou emocionais.


Além disso, o conselheiro consultivo deve evitar qualquer conflito de interesses e manter sua atuação focada no crescimento sustentável da empresa. Seu papel não é impor decisões, mas sim questionar, orientar e desafiar os gestores a enxergar diferentes perspectivas. Com essa postura, ele se torna um guardião da estratégia, ajudando a empresa a evitar decisões impulsivas ou desalinhadas com seus objetivos de longo prazo.


Habilidade de comunicação e mediação de conflitos


A comunicação eficaz é uma das competências mais úteis para um conselheiro consultivo de pequenas e médias empresas. Seu papel exige a habilidade de apresentar ideias de forma clara, facilitar reuniões produtivas e, muitas vezes, lidar com conflitos internos. Nas empresas familiares, onde as relações pessoais podem interferir nas decisões estratégicas, essa capacidade se torna ainda mais essencial. Nesse contexto, o conselheiro deve atuar como mediador em momentos de divergência, promovendo o diálogo e evitando que emoções sobreponham a racionalidade das decisões. Saber ouvir antes de sugerir soluções é fundamental para construir um ambiente de confiança e colaboração.


Um conselheiro eficaz não apenas aconselha, mas também facilita a construção de um consenso que fortalece a governança e a sustentabilidade do negócio.


Conhecimento técnico sobre governança corporativa e ESG


Um conselheiro consultivo precisa ter um bom domínio de governança corporativa, para auxiliar a empresa, de forma técnica, a adotar práticas que garantam mais transparência, eficiência e sustentabilidade no longo prazo; sendo assim, além destes aspectos, mesmo que a empresa ainda não tenha uma estrutura formal de governança, o conselheiro também pode introduzir processos que organizem uma tomada de decisão, aprimorem o compliance e fortaleçam a cultura de prestação de contas. Essa orientação não apenas profissionaliza a gestão, mas também prepara a empresa para futuras rodadas de investimento, crescimento ou sucessão.


Além disso, o mercado está cada vez mais atento às questões de ESG (ambiental, social e governança), e as pequenas e médias empresas não podem ignorar essa tendência. Aqui, um conselheiro bem preparado pode ser valioso para ajudar a empresa a identificar oportunidades dentro dessa agenda, garantindo que boas práticas sejam incluídas no modelo de negócios sem comprometer a sua competitividade. Desde iniciativas simples, como a redução de desperdícios e a valorização de boas relações com a comunidade, até estratégias mais robustas de governança, que podem se traduzir em vantagens competitivas e maior valorização da marca.


Adaptabilidade e mentalidade de inovação


A capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças do mercado é essencial para a longevidade das pequenas e médias empresas. Um conselheiro consultivo precisa estar sempre atualizado sobre novas tendências, tecnologias e modelos de negócios, ajudando a empresa a identificar oportunidades estratégicas e a modernizar seus processos. Isso significa incentivar a adoção de inovações que tragam eficiência, sugerir abordagens mais ágeis e questionar práticas obsoletas que possam limitar o crescimento do negócio.


Além disso, a inovação não deve ser vista apenas como uma questão tecnológica, mas como uma mentalidade presente na cultura organizacional. Um conselheiro consultivo eficaz estimula a mentalidade de experimentação, ajudando a empresa a testar novas ideias com responsabilidade e se posicionar de forma competitiva. Seja explorando novos produtos, canais de venda ou estratégias de diferenciação, sua atuação pode ser decisiva para que a empresa não apenas acompanhe as transformações do mercado, mas se antecipe a elas.


Resiliência e comprometimento de longo prazo


Diferentemente de um consultor, que geralmente atua em projetos pontuais, o conselheiro consultivo precisa ter uma visão de longo prazo e um compromisso genuíno com a empresa. Seu papel vai além de resolver problemas imediatos; ele contribui para a construção de um negócio sustentável, ajudando a definir estratégias que garantam a perenidade da organização. Isso exige resiliência para enfrentar desafios e paciência para acompanhar o amadurecimento da governança corporativa da empresa.


Um conselheiro comprometido compreende que o crescimento empresarial leva tempo e que nem sempre as mudanças serão bem recebidas de imediato. Por isso, ele se mantém presente, acompanhando a evolução da empresa e atuando como um parceiro estratégico do negócio.



Conclusão: O conselheiro certo para a empresa certa


Não existe um modelo único de conselheiro consultivo que funcione para todas as PMEs. E mais, além das competências essenciais que apresentei aqui, o perfil ideal dependerá do estágio da empresa, do setor de atuação e dos desafios específicos que ela enfrentará.


Além disso, a química entre conselheiros, sócios e gestores também é fundamental, afinal, para que o conselho funcione de maneira eficaz, deve haver confiança mútua e alinhamento de expectativas para que se torne, efetivamente, um diferencial estratégico que levará a empresa a um novo patamar de crescimento, sustentabilidade e governança.



Mauricio de Souza

Conselheiro Consultivo e de Administração

 
 
 

Comments


bottom of page